domingo, 10 de maio de 2015

Desapegando do que faz mal


Acredito que o perdão é algo difícil para pedir, muito mais por saber as reações que a parte ofendida terá. Mais difícil ainda é conceder perdão a alguém que acredita que não te ofendeu. Porém, enquanto não existir o perdão, estaremos sempre ligados a essa pessoa.

Me lembro de um encontro de casais que participei em 2000, quando um palestrante mostrou à plateia os desenhos de um homem e de uma mulher colados um no outro; depois, ele descolou as duas partes, mostrando que pedaços um do outro ficaram colados em ambos, dizendo que em todo divórcio haverá lembranças da mulher "colados" no homem e vice-versa. E fazendo uma analogia sobre perdão, enquanto não há perdão, tudo o que a pessoa te fez fica "colado" em você, tudo o que olha lembra a pessoa e por aí vai.

Geralmente não falo às pessoas o que elas fizeram ou disseram que me decepcionou. Acabo guardando muitas coisas dentro de mim ou se já estou nervosa já falo na lata. O que falo na hora não me escraviza, mas o que guardo me faz muito mal. E foi assim que relembrei a algumas semanas tudo o que uma pessoa que amo fez e falou que me machucou.

Essa pessoa é muito difícil de lidar justamente por não assumir o que faz e o que diz. E sempre guardei tudo, respirava fundo e deixava para lá. E tudo o que guardei fez com que eu tivesse uma visão muito negativa sobre mim e isso não me deixava crescer, amadurecer. Mesmo com várias pessoas ressaltando as minhas qualidades, não me via tão qualificada. Eu sentia que por mais que eu me esforçasse, nunca seria boa demais ou surpreenderia essa pessoa.

E então resolvi escrever uma carta colocando no papel todas as mágoas e ressentimentos que eu tinha. Foi uma carta muito difícil de escrever, cheguei a rasgar, jogar fora, reescrever e nada. Eu, que sempre tive facilidade de me expressar no papel me sentia incrivelmente burra. Nessa hora recorri ao Pai celestial para me ajudar a colocar no papel o que tinha no meu coração.

Enquanto escrevia, era inevitável segurar as lágrimas que eu nem sabia que tinha. Expressar essas dores na escrita doía. Resolvi chorar tudo o que precisava. E enviei a carta pensando nas reações que ela causaria: a não aceitação do que estava escrito, a negação dos atos descritos ou a reflexão sobre o que eu sentia com a liberação de perdão de ambas as partes, afinal eu também pisei na bola e assumo. 

A reação da pessoa foi a não aceitação e a negação. E como essa pessoa domina a arte da manipulação, enquanto lia o que ela me escreveu, me senti uma idiota; era como se tudo o que expressei fosse fruto da minha imaginação, como se eu tivesse inventado tudo para justificar as minhas mancadas. Depois que li, fui andar um pouco para refletir sobre toda essa situação e lembrar o que eu precisava naquele momento: aceitar meus erros, me consertar, liberar perdão a esse alguém e seguir em frente a minha vida. Ainda respondi alguns pontos ao que essa pessoa me escreveu, pondo um ponto final.

O perdão não é instantâneo mas é um processo. Ontem mesmo, diante do espelho falei tudo o que me incomodava e pedi a Deus que me ajude a liberar perdão para que eu me lembre desse alguém de forma positiva, aceitando-a como ela é e pedindo a Ele que quebre esse coração de pedra. 


E para concluir, esse pensamento:

"Toda referência precisa ser notável, exemplar, limpa e transparente. Procure seguir alguém que assume o seu passado, assim as suas referências não estarão de acordo com a vontade e a vida do outro e sim da sua própria vida, experiência, entendimento e razão."

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Oleh

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